20 janeiro 2010

Mobilizar competências

Realizou-se, entre 13 e 17 de Janeiro, a 22ª edição da Bolsa de Turismo de Lisboa, o maior certame do género em Portugal e um dos mais importantes a nível europeu. A Bolsa de Turismo de Lisboa contou, este ano, com cerca de 900 expositores, entre os quais se contava o Turismo do Porto e Norte de Portugal, bem como o pólo do Turismo do Douro, para só referir duas das entidades que maiores responsabilidades detêm na promoção do Turismo na nossa região.

Esta importância justifica-se já que Portugal é um dos 20 maiores destinos turísticos do mundo. O nosso país recebe, por ano, cerca de 12 milhões de turistas que geram uma receita anual de perto de 7 mil milhões de euros que representam, aproximadamente, 11% do PIB. Isto é, nos dias que correm, 11% de toda a riqueza nacional produzida advém da actividade turística.

E apesar de o sector ter registado um decréscimo de receitas, na ordem dos 10%, em 2009, devido à grave crise financeira internacional que atravessamos, o sector do turismo revela ainda um grande potencial de crescimento, nomeadamente, nas consideradas novas regiões turísticas como são o caso do Alentejo e do Douro. O Alentejo aproveitando, entre os outros, o elevado potencial criado pela albufeira do Alqueva (o maior lago artificial da Europa) e o Douro tirando partido da magnificência da sua paisagem cultural evolutiva e viva, enquanto obra combinada do homem e da natureza, tal como o reconheceu a UNESCO quando lhe atribuiu, em 2001, o galardão de Património Mundial da Humanidade.

Mas para que o turismo se desenvolva são necessárias infra-estruturas de qualidade que o promovam. Daí a necessidade de se realizarem esforços para se apetrechar a região com boas acessibilidades e unidades de acolhimento, equipamentos culturais, de animação e lazer, sistemas de manutenção de equilíbrios ecológicos e ambientais, redes de cuidados de saúde e assistência, centros de formação especializados para pessoal de apoio e suporte à actividade turística, etc., etc.

Nas últimas duas décadas assistiu-se, no Douro, a muito desse esforço. Mas muito mais será, ainda, necessário realizar para que a actividade turística compense a região na exacta medida do seu elevado potencial e na mesma medida daquilo que ela efectivamente necessita.

A navegabilidade do Douro e os cruzeiros turísticos são já uma realidade. As acessibilidades melhoraram com a construção da A24 e da A4 (esta, ainda em curso). A região apetrechou-se com modernas unidades hoteleiras. Os Teatros de Lamego e Vila Real, bem como os novos museus do Douro, do Côa e Diocesano de Lamego vieram alargar a oferta cultural. Os Sistemas integrados de recolha e tratamento de resíduos sólidos, bem como de abastecimento de água e recolha de efluentes domésticos conferiram-nos condições mínimas de salubridade e atractividade. A criação do Centro Hospitalar de Trás-os-Montes e Alto Douro com o reforço do Hospital de Vila Real e a construção do Novo Hospital de Lamego trazem à região condições competitivas de assistência e bem-estar. A Escola de Hotelaria e Turismo de Lamego constitui peça fundamental na formação de profissionais devidamente habilitados para dar resposta às exigências do sector. E outros bons exemplos poderiam ser apresentados.

E se no passado recente foi possível encontrar essas respostas, é imperioso que no futuro não se perca o rumo. Mais do desperdiçar esforços em divagações de conjuntura é imperioso não ceder a foguetórios fáceis e sem sentido. Os recursos são escassos e quase sempre irrepetíveis.

A melhoria das acessibilidades como a construção do IC 26, a melhoria da navegabilidade com mais e melhores locais de atracagem e a modernização da linha férrea do Douro em toda a sua extensão são absolutamente necessárias. A requalificação urbana dos centros históricos mais relevantes é uma necessidade imperiosa na modelação do produto turístico que pretendemos oferecer. A captação de investidores de referência que queiram e saibam apostar na diversificação da oferta turística potenciando os nossos valores tradicionais é vital para dar consistência à região enquanto destino turístico de excelência. A mobilização de vontades e competências locais que permitam a criação de redes inteligentes de actividades de suporte à actividade turística é, provavelmente, o esforço primeiro sem o qual todos os outros ficarão comprometidos.

O Futuro do turismo no Douro continua a exigir essa visão estratégica, continua a exigir gente qualificada e continua a exigir um rumo firme e esclarecido. Só assim será possível concretizar os grandes investimentos e realizações ainda em falta e que a região tanto necessita.

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