28 janeiro 2010

Combater a pobreza, reforçar a sociedade

Logo que as sociedades humanas se começaram a estruturar e a criar riqueza, um princípio lhes ficou inerente: o da desigualdade no acesso a essa mesma riqueza. E, não deixa de ser irónico que o mesmo mecanismo que conduz as sociedades à prosperidade, lhes induza o princípio da desigualdade entre os seus membros e este, quase inevitavelmente, à criação de bolsas de pobreza e exclusão social. Mais irónico, ainda, o facto de o homem, apesar de séculos de história e das evoluções técnicas e científicas que alcançou, ainda não ter conseguido engendrar um sistema capaz não só de gerar riqueza e criar prosperidade mas de a distribuir com parcimónia e equidade de forma a evitar as tão indesejáveis distorções sociais.

Ao longo da história muitas soluções foram ensaiadas para dar resposta a esse martírio social. No entanto, e por mais generosas que fossem as respostas apresentadas, todas elas não só não foram capazes de extinguir a pobreza como parecem ter tido o efeito perverso (embora não desejado) de a reproduzir.

Mesmo a Europa desenvolvida que tem estado na vanguarda do combate à pobreza e à exclusão social ainda não encontrou mecanismos consistentes e duradouros que ponham cobro a esse flagelo. É que apesar de a União Europeia ser uma das regiões mais ricas do mundo, 17% da sua população não detém, ainda, os meios necessários para satisfazer as suas necessidades mais básicas.

A Europa Social do bem-estar é um desígnio louvável mas que está, ainda, longe da sua realização plena. E o mais comovente é que sempre que surgem dificuldades ou pequenos retrocessos nesse combate logo surgem profetas de mau agoiro a decretar o fim da Europa Social antes, mesmo, dela se ter concretizado em toda a sua plenitude. Porém, a solução não é desistir. A resposta às dificuldades deve residir no reforço do combate por uma Europa mais justa e igualitária. A Europa só pode ser forte se utilizar ao máximo o potencial de cada um dos seus cidadãos e como sabemos a pobreza e a exclusão de qualquer indivíduo implicam, necessariamente, o empobrecimento de toda a sociedade. E porque a Europa, e bem, não desiste desse esforço decretou 2010 como o Ano Europeu Contra a Pobreza e a Exclusão Social.

Face ao apelo lançado pela União Europeia exige-se uma nova geração de políticas sociais que encoraje e mobilize toda a sociedade, que derrube os estereótipos e a estigmatização da pobreza e da exclusão social, que imponha novos mecanismos de redistribuição de riqueza em substituição dos mecanismos falhados, que fomente uma sociedade que garanta a qualidade de vida, o bem-estar social e a igualdade de oportunidades para todos e, acima de tudo, que reforce a solidariedade entre gerações e que garanta um modelo de desenvolvimento sustentável. Numa expressão e tal como pretende a União Europeia, “é tempo de renovarmos o nosso compromisso para com a solidariedade e a justiça social garantindo uma maior e melhor inclusão de todos os cidadãos, sem excepção, na sociedade que afinal a todos pertence”.

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