16 março 2010

Todos somos madeirenses


Durante o último fim-de-semana, um invulgar temporal assolou o arquipélago da Madeira. Em consequência deixou um rastro de morte e destruição. O balanço oficial aponta para dezenas de mortos e centenas de desaparecidos, feridos e desalojados. A destruição não poupou vidas humanas nem poupou estradas, pontes e edifícios. Para além das irreparáveis e dolorosas perdas humanas, os prejuízos materiais são incalculáveis e de difícil recuperação.
Mal foram conhecidos os primeiros resultados da catástrofe, o Presidente da República fez uma comunicação de emergência ao País e o primeiro-ministro viajou, de imediato, até ao arquipélago onde reuniu com o presidente do governo regional para concertarem as acções e apoios necessários à retoma da normalidade possível e à recuperação e minimização dos danos causados pela intempérie.
Em simultâneo, a comunicação social foi-nos dando conta da onda de solidariedade espontânea que se ergueu a nível nacional e internacional.
Num instante todos passamos a ser madeirenses. A começar pelo presidente da República e pelo primeiro-ministro, todos cumpriram, numa hora difícil, aquilo que deles se esperava: um sinal de que Portugal está atento e se preocupa com os seus cidadãos. Através de Cavaco Silva e José Sócrates, as autoridades portuguesas fizeram a sua obrigação: ser solidárias com uma parte do território nacional que enfrenta um momento difícil. É nestes momentos que se testa a força de um país, pela sua capacidade de se unir, pela sua capacidade de reagir, pela sua capacidade de se reconstruir.
Se desta vez fomos capazes de entornar a pequenez, se fomos capazes de unir esforços em torno de dificuldades, se fomos capazes de colocar a cooperação institucional ao serviço de quem precisa, nada nos impede de continuar. Nada nos impede de continuar como um povo unido que sabe pedir a solidariedade de todos para ocorrer às dificuldades de alguns mesmo se ainda há pouco o canto estridente da cigarra perturbava a buliçosa labuta da formiga.
Na última década, a Madeira desenvolveu-se tremendamente. Foi mesmo a região da União Europeia que registou a maior progressão. A nível nacional, só Lisboa tem um rendimento superior. Mas os próximos tempos vão ser difíceis e, ultrapassando as tradicionais quezílias políticas, os governantes do Funchal e os de Lisboa vão ter de cooperar. Com o apoio de todo o Portugal, com o apoio da União Europeia, a Madeira vai recuperar desta destruição.
Decididamente, esta não é a hora dos profetas da desgraça antes o tempo dos mensageiros da esperança e da solidariedade.

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