28 novembro 2009

Unir é preciso

Todos reconhecemos que o Douro tem enormes potencialidades. Todos reconhecemos, igualmente, que apesar de o Douro revelar um enorme potencial ainda não foi capaz de traduzir todo esse potencial em riqueza e bem-estar para os seus nativos. E esta evidente realidade persiste apesar dos relevantes fluxos financeiros canalizados para a região nas últimas duas décadas nomeadamente no que a fundos comunitários diz respeito.

Perguntar-se-á, então: se a região possui um elevado potencial endógeno, se os assinaláveis fluxos financeiros canalizados para a região nas últimas duas décadas foram visíveis e palpáveis porque razão, essas duas condicionantes, não foram suficientes para conferir aos durienses um nível de vida que se aproximasse (sequer) da média nacional? Várias serão, com certeza, as teses que tentarão com mais ou menos coerência explicar a “mala pata”.

No entanto, uma coisa parece desde logo evidente. O Douro, e refiro a NUT Douro, apesar de constituir uma região homogénea e coerente em termos geográficos, históricos, culturais e económicos evidência um problema de base que compromete “ab initio” todos os esforços para um desenvolvimento estruturado, equilibrado e sustentável. Falta ao Douro espírito de corpo e uma verdadeira voz de comando.

Na realidade, o Douro encontra-se espartilhado por 4 distritos administrativos, o mesmo é dizer por 4 diferentes círculos eleitorais (Bragança, Guarda, Vila Real e Viseu), cada um com as suas lógicas de poder distintas, com as suas visões políticas distintas, com as suas perspectivas estratégicas distintas. Com tamanho espartilho sobra, ao Douro, variedade de lideranças políticas e diversidade administrativa o que lhe falta em “voz de comando”, espírito de corpo e visão estratégica una e coerente.

O PRACE – Programa de Reestruturação da Administração Central do Estado – tem vindo a dar um bom contributo para devolver unidade ao Douro. As reformas realizadas, até ao momento, têm respeitado essa unidade. Falta, agora, a mais importante dessas reformas, sem a qual todas as outras estarão comprometidas na sua generosidade.

Falta devolver ao Douro aquilo que a natureza e o Homem lhe conferiram mas que inadvertidamente o poder centralista do estado lhe retirou há quase dois séculos atrás: unidade. Falta unir o Douro numa só região. Só com todo o Douro integrado numa única região será possível gerar a liderança que tanto lhe falta e através dela forjar um rumo que implique, necessariamente, uma nova atitude face ao desenvolvimento.

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